sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Eleições: Dentro e fora da UFES há alguma diferença???

Por: Bixu Pretu
direto da Geografia/ UFES
Cariacica↔Vitória – Junho/ 2009
Aproveitando o “clima eleitoral colorido” que alguns estudantes estão vivendo aqui na UFES, quero lembrar que no próximo ano teremos eleições no Brasil, momento em que nos obrigam ir as urnas digitar números que irão autorizar alguns homens e mulheres a desviar dinheiro público para comprar carros importados, lanchas, iates, aviões, mansões, castelos, quilos e quilos de cocaína, armas e ainda manutencionar o analfabetismo funcional por meio de uma estrutura educacional precária e cheia de vícios que funciona perfeitamente na criação de um exército de peixes cegos que a cada 2 anos mordem o mesmo anzol.
Muitos desses homens e mulheres que se auto intitulam políticos em defesa da democracia e dos direitos coletivos tem em seu passado uma “brilhante” (escusa) trajetória em entidades de “representação???” estudantil (DCE’s, UNE, Grêmios estudantis etc), Paulo Hartung e José Serra são exemplos disso.
O Brasil se auto adjetiva um país democrático onde a liberdade de expressão é exaltada todos os dias em algum lugar dessa terra, porém, caso você se recuse a ir votar e não apresentar a justificativa reconhecida pelo TSE/ TRE certamente você não poderá assumir algum cargo caso seja aprovado em concurso público ou se aprovado em vestibular de alguma IFES (Instituição Federal de Ensino Superior) não poderá efetuar sua matrícula.
Se caso seu titulo eleitoral for cancelado você não poderá fazer a declaração de isenção de imposto de renda, não se declarando isento, depois de algum tempo seu CPF poderá ser cancelado e daí pra frente você já sabe, muitas portas se fecham para aqueles que não possuem um CPF nesse país.
Ou você vai às urnas ou será punido, essa é a realidade eleitoral do país onde ocorre a chamada festa da democracia.
Uma informação do código eleitoral brasileiro que muitas pessoas não conhecessem:
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do País nas eleições presidenciais , do Estado nas eleições federais e estaduais ou do Município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
§ 1º Se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto neste artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador-Geral, que providenciará junto ao Tribunal Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição.

§ 2º Ocorrendo qualquer dos casos previstos neste Capítulo o Ministério Público promoverá, imediatamente a punição dos culpados. (*)
Os partidos políticos, principalmente aqueles que se dizem esquerdistas e defensores dos interesses do povo (frase muito usada nas campanhas eleitorais), seguem indiferentes na discussão do voto obrigatório (ou pior ainda nem querem discutir), e ainda afirmam que quem vota nulo não tem direito de fazer exigências ao eleito e que também não está exercendo a cidadania (algo parecido com a copa do mundo, se você não torce pelo Brasil não é brasileiro), GRANDE MENTIRA!!!!, pois se todos os candidatos não te convenceu você tem o direito de não votar em nenhum deles,ou seja, anular seu voto, cabe a você decidir isso.
Vereadores, prefeitos, deputados, presidentes, governadores e outros não querem e não irão lutar por seus direitos nunca, eles querem enriquecer de maneira ilícita utilizando-se sempre de seu discurso enfeitado e colorido.
“...respeito é pra quem tem...”
Sabotage
“....por isso preste atenção meu irmão, a intenção pode ser boa mas o que vale é ação....”
Sugestões de Filmes:
Harmonia do Inferno – Gui Castor (produção capixaba)
Quanto vale ou é por quilo? – Sérgio Bianchi
Cronicamente Inviável – Sérgio Bianchi

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Contribuição do amigo Thiago para o blog

MANIFESTO CONTRA A ARROGÂNCIA UNIVERSITÁRIA

Por: Thiago Felisbino Fernandes
Estudante do Curso de Geografia da UFES


Aos Estudantes:
É insuportável a arrogância e a prepotência dos estudantes universitários. Eles pensam que estão em um patamar superior, no centro do mundo, vivendo na ilha artificial, cujos “muros” delimitam o “país das maravilhas”.
O saber acadêmico/científico é apenas uma possibilidade de ver o mundo, não é a única, nem é a melhor.


Aos Professores:
Ao atingirem às cátedras vitalícias da universidade, eles se vêem numa condição de casta superior. A lógica é à medida que se tornam mais instruídos, eles aumentam o grau de arrogância. Deveria ser o contrário, à medida que as pessoas concebem, aprendem ou ao menos têm a noção de que a realidade pode ser encarada/analisada/interpretada por meio de saberes diferenciados, a compreensão da diversidade deveria ser múltipla.


Ao DCE (Diretório Central dos Estudantes):
Este deveria se chamar “escolinha para formação universitária de futuros políticos”.
A escolinha com a fachada DCE atende aqueles que se dizem lutar pelas causas universitárias, como moradia estudantil, bolsas, ônibus para instituição, etc. A política é intitulada de permanência estudantil. Eu penso que ela seja linda, plausível e viável. Mas o problema é quando essa ideologia cai nas mãos de jovens universitários com pretensões de fazerem seus históricos políticos para professar futuramente os seus períodos de militância no movimento estudantil.
Já posso ouvir alguns deles dizendo: “Olha senhores(as) eleitores(as), na minha trajetória política eu estive aqui, ali e acolá, por isso mereço os seus votos”.
Portanto, o interessante seria que eles parassem de mascarar e assumissem seus reais interesses no DCE, sem tentar se camuflar através de uma “política de permanência universitária”.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Em um dia qualquer do ano de 2006 suportando os festejos da Copa Mundo.

Somos todos Verde-Amarelo?
Por H. Lima
Estudante do Curso de Gerografia da UFES

Em dias de medo, bloqueio de sinais de celulares nas cadeias e caixotes de lata com rodas usados pra carregar gente sendo incendiados, não quero ter a mesma cor que muitos outros se orgulham de ter.

A monocultura assassina a região norte do meu estado e a passos não muito curtos avança para outras regiões do Espírito Santo e todos são verde-amarelos.

Minha universidade, que está sucateada pelo neoliberalismo, promoveu um congresso internacional excludente e este e muitos de seus participantes são verde-amarelo.

O futuro do Estado dorme sob as marquizas abraçado com uma lata de coca-cola cheia de cola e o Estado é verde-amarelo.

Pelas avenidas vejo a intolerância e desrespeito de motoristas para com pedestres e vice-versa, e estes também são verde-amarelo.

Nas salas de aula muitos professores tentam te adestrar para tornar-se mais uma peça bem acabada apta a realizar sem questionar, os ditados do mercado e ele é verde-amarelo.

Posso ser considerado retrogrado, reacionário e até não patriota pra você, adjetive-me como quiser, classifique-me como quiser, dê-me a cor que você quiser, só não quero ser verde-amarelo.

Dominação cultural – a destruição do patrimônio nacional

Cariacica/ Vitória – ES, 27/ 10/ 2005
H. Lima

Atualmente percebe-se que a dominação cultural moderniza-se a cada dia para ser menos percebida. Esta prática utiliza como principais meios de veiculação rádios, jornais, revistas e outdoors.

Transforma o indivíduo num consumidor incapaz de enxergar e valorizar sua cultura, nos piores casos percebemos brasileiros envergonhados de usarem roupas e calçados de marcas nacionais ao mesmo tempo em que exaltam grifes italianas, estadunidenses, alemãs, francesas entre outras.

Na música também não é diferente, as pessoas desprezam e satirizam manifestações culturais como o Congo e o Maculelê e apaixonam-se pelas canções tocadas nas boates e rádios, a grande maioria dos ouvintes não consegue traduzir ao menos os títulos dessas músicas.

Lamentavelmente as políticas estatais não protegem nosso mercado dessa entrada descontrolada de produtos estrangeiros ao mesmo tempo em que não investe como deveria nas manifestações culturais nacionais. Tal fato promove lentamente a desconstrução cultural desse povo.
506
506 A qüingentésima sexta guerra 506
506

Cariacica/ Vitória – ES, 18/ 9/ 2005
H. Lima

No aguardo do início da qüingentésima sexta guerra, sobre as calçadas e sob as marquizas vejo meninos e meninas com latas de coca-cola cheias de cola.

Do alto de meus cabelos e sobre a faixa de pedestres sou elogiado e criticado por ser necessariamente arrogante.

O homem defensor de pretos e de direitos chamou-me desideologizado por não ter a capacidade de deixar os discursos xerocopiados e compartilhados entre partidos políticos atravessarem a minha goela.

Assisto ao chou da banda nordestina que canta a música “morte e vida Stanley”, lembro-me do Cavalcanti, aquele lá da Câmara Federal, junto a seus amigos com os bolsos entupidos de dinheiro público roubado estão com as bocas cheia d’água loucos para saborear o molusco mais caro do cardápio brasiliense.

É quase natal, mais uma vez veremos as vendas de jesuses, paz e cartões com mensagens singelas. Muitos compram no afã de embriagarem-se de dormência cerebral e por algumas horas esquecerem das desgraças que os cercam.

Em pé, apertado como sardinha em lata, com o bolso arrombado e sob a benção da CETURB-GV volto para casa em um de seus caixotes com rodas que servem como carregadores de gente.

Na minha área soldados e cabos fingem trabalhar espantando aviões e consumidores. Fingem trabalhar pois sabem que são assaltados financeiro e ideologicamente por seus superiores hierárquicos.
Chego em casa entro, fecho a porta e deito em minha cama. Durmo consciente de que faltam poucos dias para o início da qüingentésima sexta guerra.

domingo, 11 de maio de 2008

é TECIDO nº 7

Maio/ 2008
Cariacica/ Vitória - ES – Brasil
A noite em que moradores da Praia do Canto conheceram o “Novo Espírito Santo”
Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES
O assalto ocorrido no edifício Bahia Blanca na noite de 30/04/2008 nos mostra claramente as transformações as quais a sociedade capixaba vem passando. Localizado no bairro Praia do Canto, área considerada nobre, onde pobres só a freqüentam por que lá trabalham, afinal os ricos se acham os “melhores em tudo” porém dependem dos pobres para higienizar, construir e vigiar seus lares.

No prédio assaltado moram empresários, médico, engenheiro, diretores de empresas [1], certamente nunca imaginaram que seriam surpreendidos dessa forma por pessoas que eles, os ricos, sempre as enxergam com desprezo e nojo.

A propaganda do governador Paulo Hartung mostra o Espírito Santo como um Estado que a cada dia cresce mais e mais, porém, o novo ES pirotecnizado pela mídia governista estadual existe apenas para uma parcela mínima da população capixaba.

Pelas ruas as pessoas ainda continuam catando restos dos lixos de restaurantes para se alimentarem, os catadores de material reciclável exercem a função para garantir comida no estômago, o jovem pobre não consegue enxergar o seu futuro além de um emprego no comércio com salário baixo ou sua atuação no tráfico de drogas, salvo raras exceções, onde está o novo ES tão falado pelas propagandas governistas?

A divisão incorreta dos ganhos torna capixabas que são pobres mais pobres e ricos cada vez mais ricos, a conseqüência são os crimes, a criminalidade que assola o Estado tem como principais formas de sustentação a pobreza, a falta de oportunidades, as escolas públicas degradadas, os salários pífios, a falta de lazer (música, teatro, esportes, dança).

Os resultados são sempre os mesmos: tráfico de drogas, assassinatos, assaltos, espancamentos e uma polícia truculenta devido a inúmeras falhas no treinamento/ formação do policial.

Os ricos pensam que estão seguros em seus carrões e prédios monitorados por circuitos de TV, o assalto ao condomínio bahia blanca prova que mais uma vez os ricos estão equivocados. Esses homens e mulheres abastados não conseguem ou não querem entender que quanto mais dinheiro eles acumularem maior será a vontade do “neguinho” que tem “disposição” de chegar até eles e fazer a “limpeza”, “os bandidos não pareciam drogados, não pareciam bêbados. Eram jovens” [2].
Levaram aliança, relógio, cordão máquina fotográfica, celular e dinheiro, cerca de R$ 1mil [1].

Precisam de seu trabalho, mas na hora de te acusar não pensam duas vezes

“Sai de casa algemado. Nunca fui preso na vida. Fiquei surpreso porque nunca roubei nada” [3].
A fala desse porteiro mostra como os ricos agem com os trabalhadores pobres, o homem dono desta frase foi detido pela polícia, porém, tiveram que libertá-lo por falta de provas, ele é ou era, um dos porteiros do edifício bahia blanca, e a partir de agora como fica a vida desse indivíduo que foi mostrado para várias pessoas de dentro e fora de seu bairro como sendo um assaltante?

Em uma das matérias sobre o caso vi uma mulher moradora do prédio dizendo que estava surpresa e se mostrava apavorada dizendo que por várias vezes deixou as chaves do seu apartamento com o porteiro, será que em algum momento ela pensou que poderia estar havendo uma precipitação nas investigações policiais e o porteiro não poderia estar envolvido no assalto?

Os ricos pegam a maior parte do bolo, usam os pobres como empregados e quando algo de errado acontece logo procuram o primeiro desindinheirado mais próximo para culpabilizar, tais atitudes de violência como essa revela claramente as raízes da sociedade brasileira, uma sociedade fundamentada na violência e no desprezo onde apenas brancos ricos têm razão.

Na gênese da construção do Brasil o que se via com freqüência eram os europeus que “queriam degradar moralmente e desgastar fisicamente para usar seus membros homens como bestas de carga e as mulheres como fêmeas animais” [4], esse era o tratamento dado a índios/as e pretos/as escravos.
Os abastados capixabas não são diferentes do restante do país, em suas palavras, piadas e comportamentos mostram de forma muito límpida que “a mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta para explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar, e machucar os pobres que lhes caem às mãos.” [4]

Será que o dinheiro compra tudo?

Roupas de marcas caras, celulares último modelo, carro de luxo, relógio de ouro, tudo isso traz visibilidade e respeito de um certo grupo de pessoas, pessoas essas que pensam que tudo é comprável inclusive a segurança de suas vidas, “a sociedade é resistente. Paga impostos, escola particular, plano de saúde, mas quando chega na segurança, não desembolsa um centavo.” [5]
A frase acima é do presidente da Associação de Moradores da Praia do Canto reclamando que muitos condomínios do local não querem aderir ao Projeto Rua Segura que funciona assim: nos condomínios cadastrados, é instalado um rádio que faz comunicação direta com o policial que patrulha o bairro. Para isso, o condomínio escolhe uma empresa de vigilância a partir da lista selecionada pela polícia. O serviço custa R$ 70,00 por mês. [5]
Essas “fórmulas mágicas da paz” criadas por indivíduos egoístas e desesperados de nada adiantam diante do caos social que o Espírito Santo vive.

Professores bem remunerados, escolas decentes, salários decentes, ensino que forme o individuo como ser pensante e parte da sociedade capixaba, espaços para manifestações culturais, isso sim reduz níveis de violência e dificulta a ação do tráfico de drogas, fora isso, não será um plano que treina porteiros para aprender usar um radio comunicador e criar um “cordão de isolamento” entre ricos e pobres que irá resolver o problema da violência e outros problemas sociais presentes no “novo Espírito Santo”.

Referências
[1] Jornal A Tribuna, 02/05/2008 – caderno de polícia, p. 18
[2] Fala do sindico do edifício bahia blanca, Jornal A Tribuna, 02/05/2008 – caderno de polícia, p. 18
[3] Fala do porteiro R.S acusado de participação no assalto ao edifício bahia blanca – Jornal A Gazeta, 03/05/2008 – caderno segurança, p. 10
[4] Os Afro-brasileiros, Darcy Ribeiro – O Povo Brasileiro, p. 117 e 120, 2ª ed.1996
[5] Jornal A Gazeta, 03/05/2008 – caderno segurança, p. 10

é TECIDO nº 6

Abril/ 2008
Cariacica/ Vitória - ES – Brasil

Os proprietários do nada que dão tudo de si [1]

Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES

Uma voz fala no auto falante: associado X (falando o nome da pessoa) compareça a seção 14 ou então aquela assim: colaborador Z comparecer ao setor de bebidas. Mas porque o uso dos termos associado ou colaborador quando na realidade os proprietários dessas empresas vêem essas pessoas como simples empregados, meros componentes de uma engrenagem?

Ao nomear o homem/ mulher como empregado o seu psicológico reage como se ele/ ela fosse um individuo dispensável e sem muita importância para aquela empresa, logo suas funções serão desenvolvidas sem muito afinco.

O mesmo não ocorre quando é utilizada a nomenclatura associado ou colaborador, esses termos causam no indivíduo um falso sentimento de posse, ora, se ele é associado logo ele é parte da empresa e assim deve trabalhar exaustivamente para que a mesma possa evoluir e aumentar sua lucratividade a cada dia.

Um primo meu trabalha numa empresa de cobrança, dessas que ficam ligando pra casa das pessoas todo o tempo fazendo ameaças psicológicas caso as pessoas não paguem suas dívidas. Uma vez conversando com ele perguntei se essa tal empresa que ele trabalha existe só aqui no Espírito Santo ou se tinha filiais em outros estados, a resposta dele foi a seguinte: “nós temos várias filiais por todo o Brasil”, certamente o dono da empresa nem sabe da existência da pessoa dele.

A Ideologia do Funcionário do mês. O que se esconde atrás do sorriso largo e dos olhos Brilhantes!?

Um grande sorriso feliz e olhos brilhantes acompanhados de um boné e uma camisa, ambos com o logotipo da empresa estampado. Abaixo a frase que enche aquele homem/ mulher de orgulho “Fulando de Tal – Funcionário do mês” a foto está colocada numa moldura de madeira de péssima qualidade, dessas baratinhas compradas em lojas que se dizem ser de preço único. O quadro é fixado em um local onde muitos clientes e colegas de trabalho irão ver, comentar e parabenizá-lo/a. esse é o tipo de “estímulo” que muitas empresas “ofertam” aos seus “associados” ou “colaboradores” haja vista que dessa forma é muito mais fácil e barato impor que todas/ os se “dediquem” ao máximo a empresa, afinal qual deles não quer ser o destaque do mês naquela filial?

Mas quem é o funcionário do mês? O que está escondido atrás daquele orgulho fotografado?
O funcionário do mês é aquele homem/ mulher que trabalha de domingo a domingo e que quando tem um momento de descanso é em dia de semana quando o filho está na escola ou a esposa/ marido está no trabalho, para ele/ ela não existe dia de lazer existe apenas um dia em que não terá que ir à empresa e isso a contragosto do empresário.

O funcionário do mês é aquele que mal pode dar atenção ao seu filho e muitas vezes têm discussões pesadíssimas com a esposa/ marido porque as contas do mês superaram o salário recebido, ele/ ela não acompanha o crescimento do seu filho, raramente se diverte com a esposa/ marido, mesmo querendo não pode freqüentar uma sala de aula devido à incompatibilidade de horário trabalho-escola ou pelo cansaço físico-mental devido às cobranças que lhe são impostos em seu ambiente de trabalho.

Ela/ ele quando “solicitado” trabalha 10 ou 12 horas, pois precisa compensar a falta do colega que “inventou” de adoecer e recebeu um atestado médico autorizando ficar um dia em casa para se tratar.

Sua fonte de informação é o jornal nacional e sua diversão são os jogos de futebol e as novelas.
Sua moradia muitas vezes é alugada e localizada em favelas ou então mora de favor. Acorda cedo, enfrenta terminal do transcol, ônibus lotado, corre pra bater o cartão no horário, se não é desconto no fim do mês.

Na empresa enfrenta a arrogância do gerente (que é outro explorado e não percebe), os maus tratos dos clientes estressados ou aqueles que pensam ser iluminados por serem ricos e/ ou terem curso superior e por isso são melhores que o incompetente preguiçoso que “preferiu” trabalhar em um supermercado ao invés de estudar.

Ela/ ele compra o celular da moda e parcela em 12 prestações, pois a mídia lhe diz que isso é importante e ele vê isso como uma auto-afirmação social.

Na reunião avaliativa coordenada pela gerência escuta ofensas discretas ou não e mais cobranças. Às vezes pensa em pedir demissão, mas lembra do amigo que teve tal atitude e até hoje está desempregado ele também sabe que lá fora o exército de reserva é imenso, vários querem a sua vaga, então logo é descartada essa idéia.

Nem todos os seus companheiros de trabalho pensam assim, alguns deles questionam ordens, não seguem a risca o ditado da empresa e exigem melhorias salariais.

Essas/es jamais terão suas fotos emolduradas e exibidas na parede, na verdade todas/ os essas/ es serão demitidas/os aos poucos ou em massa servindo de exemplo para os demais, afinal o ideal é ter um grande grupo onde todos trabalham exaustivamente com um objetivo único, propiciar o crescimento de “sua” empresa e receber como gratificação não parte do lucro faturado, mas sim sua fotografia em uma moldura com a frase “Funcionário do Mês”.

[1] As conversas com alguns conhecidos que trabalham em supermercados e minhas observações sobre o tratamento que empresas desse e de outros seguimentos dispensam aos seus funcionários foram as principais influências para a produção desse texto.