segunda-feira, 12 de maio de 2008

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506 A qüingentésima sexta guerra 506
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Cariacica/ Vitória – ES, 18/ 9/ 2005
H. Lima

No aguardo do início da qüingentésima sexta guerra, sobre as calçadas e sob as marquizas vejo meninos e meninas com latas de coca-cola cheias de cola.

Do alto de meus cabelos e sobre a faixa de pedestres sou elogiado e criticado por ser necessariamente arrogante.

O homem defensor de pretos e de direitos chamou-me desideologizado por não ter a capacidade de deixar os discursos xerocopiados e compartilhados entre partidos políticos atravessarem a minha goela.

Assisto ao chou da banda nordestina que canta a música “morte e vida Stanley”, lembro-me do Cavalcanti, aquele lá da Câmara Federal, junto a seus amigos com os bolsos entupidos de dinheiro público roubado estão com as bocas cheia d’água loucos para saborear o molusco mais caro do cardápio brasiliense.

É quase natal, mais uma vez veremos as vendas de jesuses, paz e cartões com mensagens singelas. Muitos compram no afã de embriagarem-se de dormência cerebral e por algumas horas esquecerem das desgraças que os cercam.

Em pé, apertado como sardinha em lata, com o bolso arrombado e sob a benção da CETURB-GV volto para casa em um de seus caixotes com rodas que servem como carregadores de gente.

Na minha área soldados e cabos fingem trabalhar espantando aviões e consumidores. Fingem trabalhar pois sabem que são assaltados financeiro e ideologicamente por seus superiores hierárquicos.
Chego em casa entro, fecho a porta e deito em minha cama. Durmo consciente de que faltam poucos dias para o início da qüingentésima sexta guerra.

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