segunda-feira, 23 de junho de 2008

Contribuição do amigo Thiago para o blog

MANIFESTO CONTRA A ARROGÂNCIA UNIVERSITÁRIA

Por: Thiago Felisbino Fernandes
Estudante do Curso de Geografia da UFES


Aos Estudantes:
É insuportável a arrogância e a prepotência dos estudantes universitários. Eles pensam que estão em um patamar superior, no centro do mundo, vivendo na ilha artificial, cujos “muros” delimitam o “país das maravilhas”.
O saber acadêmico/científico é apenas uma possibilidade de ver o mundo, não é a única, nem é a melhor.


Aos Professores:
Ao atingirem às cátedras vitalícias da universidade, eles se vêem numa condição de casta superior. A lógica é à medida que se tornam mais instruídos, eles aumentam o grau de arrogância. Deveria ser o contrário, à medida que as pessoas concebem, aprendem ou ao menos têm a noção de que a realidade pode ser encarada/analisada/interpretada por meio de saberes diferenciados, a compreensão da diversidade deveria ser múltipla.


Ao DCE (Diretório Central dos Estudantes):
Este deveria se chamar “escolinha para formação universitária de futuros políticos”.
A escolinha com a fachada DCE atende aqueles que se dizem lutar pelas causas universitárias, como moradia estudantil, bolsas, ônibus para instituição, etc. A política é intitulada de permanência estudantil. Eu penso que ela seja linda, plausível e viável. Mas o problema é quando essa ideologia cai nas mãos de jovens universitários com pretensões de fazerem seus históricos políticos para professar futuramente os seus períodos de militância no movimento estudantil.
Já posso ouvir alguns deles dizendo: “Olha senhores(as) eleitores(as), na minha trajetória política eu estive aqui, ali e acolá, por isso mereço os seus votos”.
Portanto, o interessante seria que eles parassem de mascarar e assumissem seus reais interesses no DCE, sem tentar se camuflar através de uma “política de permanência universitária”.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Em um dia qualquer do ano de 2006 suportando os festejos da Copa Mundo.

Somos todos Verde-Amarelo?
Por H. Lima
Estudante do Curso de Gerografia da UFES

Em dias de medo, bloqueio de sinais de celulares nas cadeias e caixotes de lata com rodas usados pra carregar gente sendo incendiados, não quero ter a mesma cor que muitos outros se orgulham de ter.

A monocultura assassina a região norte do meu estado e a passos não muito curtos avança para outras regiões do Espírito Santo e todos são verde-amarelos.

Minha universidade, que está sucateada pelo neoliberalismo, promoveu um congresso internacional excludente e este e muitos de seus participantes são verde-amarelo.

O futuro do Estado dorme sob as marquizas abraçado com uma lata de coca-cola cheia de cola e o Estado é verde-amarelo.

Pelas avenidas vejo a intolerância e desrespeito de motoristas para com pedestres e vice-versa, e estes também são verde-amarelo.

Nas salas de aula muitos professores tentam te adestrar para tornar-se mais uma peça bem acabada apta a realizar sem questionar, os ditados do mercado e ele é verde-amarelo.

Posso ser considerado retrogrado, reacionário e até não patriota pra você, adjetive-me como quiser, classifique-me como quiser, dê-me a cor que você quiser, só não quero ser verde-amarelo.

Dominação cultural – a destruição do patrimônio nacional

Cariacica/ Vitória – ES, 27/ 10/ 2005
H. Lima

Atualmente percebe-se que a dominação cultural moderniza-se a cada dia para ser menos percebida. Esta prática utiliza como principais meios de veiculação rádios, jornais, revistas e outdoors.

Transforma o indivíduo num consumidor incapaz de enxergar e valorizar sua cultura, nos piores casos percebemos brasileiros envergonhados de usarem roupas e calçados de marcas nacionais ao mesmo tempo em que exaltam grifes italianas, estadunidenses, alemãs, francesas entre outras.

Na música também não é diferente, as pessoas desprezam e satirizam manifestações culturais como o Congo e o Maculelê e apaixonam-se pelas canções tocadas nas boates e rádios, a grande maioria dos ouvintes não consegue traduzir ao menos os títulos dessas músicas.

Lamentavelmente as políticas estatais não protegem nosso mercado dessa entrada descontrolada de produtos estrangeiros ao mesmo tempo em que não investe como deveria nas manifestações culturais nacionais. Tal fato promove lentamente a desconstrução cultural desse povo.
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506 A qüingentésima sexta guerra 506
506

Cariacica/ Vitória – ES, 18/ 9/ 2005
H. Lima

No aguardo do início da qüingentésima sexta guerra, sobre as calçadas e sob as marquizas vejo meninos e meninas com latas de coca-cola cheias de cola.

Do alto de meus cabelos e sobre a faixa de pedestres sou elogiado e criticado por ser necessariamente arrogante.

O homem defensor de pretos e de direitos chamou-me desideologizado por não ter a capacidade de deixar os discursos xerocopiados e compartilhados entre partidos políticos atravessarem a minha goela.

Assisto ao chou da banda nordestina que canta a música “morte e vida Stanley”, lembro-me do Cavalcanti, aquele lá da Câmara Federal, junto a seus amigos com os bolsos entupidos de dinheiro público roubado estão com as bocas cheia d’água loucos para saborear o molusco mais caro do cardápio brasiliense.

É quase natal, mais uma vez veremos as vendas de jesuses, paz e cartões com mensagens singelas. Muitos compram no afã de embriagarem-se de dormência cerebral e por algumas horas esquecerem das desgraças que os cercam.

Em pé, apertado como sardinha em lata, com o bolso arrombado e sob a benção da CETURB-GV volto para casa em um de seus caixotes com rodas que servem como carregadores de gente.

Na minha área soldados e cabos fingem trabalhar espantando aviões e consumidores. Fingem trabalhar pois sabem que são assaltados financeiro e ideologicamente por seus superiores hierárquicos.
Chego em casa entro, fecho a porta e deito em minha cama. Durmo consciente de que faltam poucos dias para o início da qüingentésima sexta guerra.

domingo, 11 de maio de 2008

é TECIDO nº 7

Maio/ 2008
Cariacica/ Vitória - ES – Brasil
A noite em que moradores da Praia do Canto conheceram o “Novo Espírito Santo”
Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES
O assalto ocorrido no edifício Bahia Blanca na noite de 30/04/2008 nos mostra claramente as transformações as quais a sociedade capixaba vem passando. Localizado no bairro Praia do Canto, área considerada nobre, onde pobres só a freqüentam por que lá trabalham, afinal os ricos se acham os “melhores em tudo” porém dependem dos pobres para higienizar, construir e vigiar seus lares.

No prédio assaltado moram empresários, médico, engenheiro, diretores de empresas [1], certamente nunca imaginaram que seriam surpreendidos dessa forma por pessoas que eles, os ricos, sempre as enxergam com desprezo e nojo.

A propaganda do governador Paulo Hartung mostra o Espírito Santo como um Estado que a cada dia cresce mais e mais, porém, o novo ES pirotecnizado pela mídia governista estadual existe apenas para uma parcela mínima da população capixaba.

Pelas ruas as pessoas ainda continuam catando restos dos lixos de restaurantes para se alimentarem, os catadores de material reciclável exercem a função para garantir comida no estômago, o jovem pobre não consegue enxergar o seu futuro além de um emprego no comércio com salário baixo ou sua atuação no tráfico de drogas, salvo raras exceções, onde está o novo ES tão falado pelas propagandas governistas?

A divisão incorreta dos ganhos torna capixabas que são pobres mais pobres e ricos cada vez mais ricos, a conseqüência são os crimes, a criminalidade que assola o Estado tem como principais formas de sustentação a pobreza, a falta de oportunidades, as escolas públicas degradadas, os salários pífios, a falta de lazer (música, teatro, esportes, dança).

Os resultados são sempre os mesmos: tráfico de drogas, assassinatos, assaltos, espancamentos e uma polícia truculenta devido a inúmeras falhas no treinamento/ formação do policial.

Os ricos pensam que estão seguros em seus carrões e prédios monitorados por circuitos de TV, o assalto ao condomínio bahia blanca prova que mais uma vez os ricos estão equivocados. Esses homens e mulheres abastados não conseguem ou não querem entender que quanto mais dinheiro eles acumularem maior será a vontade do “neguinho” que tem “disposição” de chegar até eles e fazer a “limpeza”, “os bandidos não pareciam drogados, não pareciam bêbados. Eram jovens” [2].
Levaram aliança, relógio, cordão máquina fotográfica, celular e dinheiro, cerca de R$ 1mil [1].

Precisam de seu trabalho, mas na hora de te acusar não pensam duas vezes

“Sai de casa algemado. Nunca fui preso na vida. Fiquei surpreso porque nunca roubei nada” [3].
A fala desse porteiro mostra como os ricos agem com os trabalhadores pobres, o homem dono desta frase foi detido pela polícia, porém, tiveram que libertá-lo por falta de provas, ele é ou era, um dos porteiros do edifício bahia blanca, e a partir de agora como fica a vida desse indivíduo que foi mostrado para várias pessoas de dentro e fora de seu bairro como sendo um assaltante?

Em uma das matérias sobre o caso vi uma mulher moradora do prédio dizendo que estava surpresa e se mostrava apavorada dizendo que por várias vezes deixou as chaves do seu apartamento com o porteiro, será que em algum momento ela pensou que poderia estar havendo uma precipitação nas investigações policiais e o porteiro não poderia estar envolvido no assalto?

Os ricos pegam a maior parte do bolo, usam os pobres como empregados e quando algo de errado acontece logo procuram o primeiro desindinheirado mais próximo para culpabilizar, tais atitudes de violência como essa revela claramente as raízes da sociedade brasileira, uma sociedade fundamentada na violência e no desprezo onde apenas brancos ricos têm razão.

Na gênese da construção do Brasil o que se via com freqüência eram os europeus que “queriam degradar moralmente e desgastar fisicamente para usar seus membros homens como bestas de carga e as mulheres como fêmeas animais” [4], esse era o tratamento dado a índios/as e pretos/as escravos.
Os abastados capixabas não são diferentes do restante do país, em suas palavras, piadas e comportamentos mostram de forma muito límpida que “a mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta para explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar, e machucar os pobres que lhes caem às mãos.” [4]

Será que o dinheiro compra tudo?

Roupas de marcas caras, celulares último modelo, carro de luxo, relógio de ouro, tudo isso traz visibilidade e respeito de um certo grupo de pessoas, pessoas essas que pensam que tudo é comprável inclusive a segurança de suas vidas, “a sociedade é resistente. Paga impostos, escola particular, plano de saúde, mas quando chega na segurança, não desembolsa um centavo.” [5]
A frase acima é do presidente da Associação de Moradores da Praia do Canto reclamando que muitos condomínios do local não querem aderir ao Projeto Rua Segura que funciona assim: nos condomínios cadastrados, é instalado um rádio que faz comunicação direta com o policial que patrulha o bairro. Para isso, o condomínio escolhe uma empresa de vigilância a partir da lista selecionada pela polícia. O serviço custa R$ 70,00 por mês. [5]
Essas “fórmulas mágicas da paz” criadas por indivíduos egoístas e desesperados de nada adiantam diante do caos social que o Espírito Santo vive.

Professores bem remunerados, escolas decentes, salários decentes, ensino que forme o individuo como ser pensante e parte da sociedade capixaba, espaços para manifestações culturais, isso sim reduz níveis de violência e dificulta a ação do tráfico de drogas, fora isso, não será um plano que treina porteiros para aprender usar um radio comunicador e criar um “cordão de isolamento” entre ricos e pobres que irá resolver o problema da violência e outros problemas sociais presentes no “novo Espírito Santo”.

Referências
[1] Jornal A Tribuna, 02/05/2008 – caderno de polícia, p. 18
[2] Fala do sindico do edifício bahia blanca, Jornal A Tribuna, 02/05/2008 – caderno de polícia, p. 18
[3] Fala do porteiro R.S acusado de participação no assalto ao edifício bahia blanca – Jornal A Gazeta, 03/05/2008 – caderno segurança, p. 10
[4] Os Afro-brasileiros, Darcy Ribeiro – O Povo Brasileiro, p. 117 e 120, 2ª ed.1996
[5] Jornal A Gazeta, 03/05/2008 – caderno segurança, p. 10

é TECIDO nº 6

Abril/ 2008
Cariacica/ Vitória - ES – Brasil

Os proprietários do nada que dão tudo de si [1]

Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES

Uma voz fala no auto falante: associado X (falando o nome da pessoa) compareça a seção 14 ou então aquela assim: colaborador Z comparecer ao setor de bebidas. Mas porque o uso dos termos associado ou colaborador quando na realidade os proprietários dessas empresas vêem essas pessoas como simples empregados, meros componentes de uma engrenagem?

Ao nomear o homem/ mulher como empregado o seu psicológico reage como se ele/ ela fosse um individuo dispensável e sem muita importância para aquela empresa, logo suas funções serão desenvolvidas sem muito afinco.

O mesmo não ocorre quando é utilizada a nomenclatura associado ou colaborador, esses termos causam no indivíduo um falso sentimento de posse, ora, se ele é associado logo ele é parte da empresa e assim deve trabalhar exaustivamente para que a mesma possa evoluir e aumentar sua lucratividade a cada dia.

Um primo meu trabalha numa empresa de cobrança, dessas que ficam ligando pra casa das pessoas todo o tempo fazendo ameaças psicológicas caso as pessoas não paguem suas dívidas. Uma vez conversando com ele perguntei se essa tal empresa que ele trabalha existe só aqui no Espírito Santo ou se tinha filiais em outros estados, a resposta dele foi a seguinte: “nós temos várias filiais por todo o Brasil”, certamente o dono da empresa nem sabe da existência da pessoa dele.

A Ideologia do Funcionário do mês. O que se esconde atrás do sorriso largo e dos olhos Brilhantes!?

Um grande sorriso feliz e olhos brilhantes acompanhados de um boné e uma camisa, ambos com o logotipo da empresa estampado. Abaixo a frase que enche aquele homem/ mulher de orgulho “Fulando de Tal – Funcionário do mês” a foto está colocada numa moldura de madeira de péssima qualidade, dessas baratinhas compradas em lojas que se dizem ser de preço único. O quadro é fixado em um local onde muitos clientes e colegas de trabalho irão ver, comentar e parabenizá-lo/a. esse é o tipo de “estímulo” que muitas empresas “ofertam” aos seus “associados” ou “colaboradores” haja vista que dessa forma é muito mais fácil e barato impor que todas/ os se “dediquem” ao máximo a empresa, afinal qual deles não quer ser o destaque do mês naquela filial?

Mas quem é o funcionário do mês? O que está escondido atrás daquele orgulho fotografado?
O funcionário do mês é aquele homem/ mulher que trabalha de domingo a domingo e que quando tem um momento de descanso é em dia de semana quando o filho está na escola ou a esposa/ marido está no trabalho, para ele/ ela não existe dia de lazer existe apenas um dia em que não terá que ir à empresa e isso a contragosto do empresário.

O funcionário do mês é aquele que mal pode dar atenção ao seu filho e muitas vezes têm discussões pesadíssimas com a esposa/ marido porque as contas do mês superaram o salário recebido, ele/ ela não acompanha o crescimento do seu filho, raramente se diverte com a esposa/ marido, mesmo querendo não pode freqüentar uma sala de aula devido à incompatibilidade de horário trabalho-escola ou pelo cansaço físico-mental devido às cobranças que lhe são impostos em seu ambiente de trabalho.

Ela/ ele quando “solicitado” trabalha 10 ou 12 horas, pois precisa compensar a falta do colega que “inventou” de adoecer e recebeu um atestado médico autorizando ficar um dia em casa para se tratar.

Sua fonte de informação é o jornal nacional e sua diversão são os jogos de futebol e as novelas.
Sua moradia muitas vezes é alugada e localizada em favelas ou então mora de favor. Acorda cedo, enfrenta terminal do transcol, ônibus lotado, corre pra bater o cartão no horário, se não é desconto no fim do mês.

Na empresa enfrenta a arrogância do gerente (que é outro explorado e não percebe), os maus tratos dos clientes estressados ou aqueles que pensam ser iluminados por serem ricos e/ ou terem curso superior e por isso são melhores que o incompetente preguiçoso que “preferiu” trabalhar em um supermercado ao invés de estudar.

Ela/ ele compra o celular da moda e parcela em 12 prestações, pois a mídia lhe diz que isso é importante e ele vê isso como uma auto-afirmação social.

Na reunião avaliativa coordenada pela gerência escuta ofensas discretas ou não e mais cobranças. Às vezes pensa em pedir demissão, mas lembra do amigo que teve tal atitude e até hoje está desempregado ele também sabe que lá fora o exército de reserva é imenso, vários querem a sua vaga, então logo é descartada essa idéia.

Nem todos os seus companheiros de trabalho pensam assim, alguns deles questionam ordens, não seguem a risca o ditado da empresa e exigem melhorias salariais.

Essas/es jamais terão suas fotos emolduradas e exibidas na parede, na verdade todas/ os essas/ es serão demitidas/os aos poucos ou em massa servindo de exemplo para os demais, afinal o ideal é ter um grande grupo onde todos trabalham exaustivamente com um objetivo único, propiciar o crescimento de “sua” empresa e receber como gratificação não parte do lucro faturado, mas sim sua fotografia em uma moldura com a frase “Funcionário do Mês”.

[1] As conversas com alguns conhecidos que trabalham em supermercados e minhas observações sobre o tratamento que empresas desse e de outros seguimentos dispensam aos seus funcionários foram as principais influências para a produção desse texto.

é TECIDO nº 5

Dezembro/ 2007
Cariacica/ Vitória ES – Brasil
A Causa da violência na Grande Vitória é um copo cheio ou o esvaziamento das oportunidades?

Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES

É muito fácil justificar que a violência na Grande Vitória deve-se aos bares abertos durante toda a noite, assim a população esquece dos desníveis sociais existentes não só no ES como também em todo o Brasil.

Caso essa tal Lei Seca pegue ela vai atuar apenas nos bares localizados nos bairros pobres da GV, e não é necessário pensar muito para chegar a essa conclusão. Os bares das favelas são os únicos locais que os trabalhadores possuem para beber, rir um pouco e esquecer pelo menos por alguns momentos que na segunda-feira começa tudo novamente, ou seja, mais uma semana de enfrentamento de terminais rodoviários do transcol, ônibus lotados e a exploração de seus patrões.

A maioria dessas pessoas trabalha no comércio, principalmente lojas ou supermercados, muitos não possuem nem o ensino médio completo. Existem também aqueles que são desempregados e descolam “outras atividades” para faturar um troco.

Todos são colocados no mesmo saco pelo Estado e acusados de causarem crimes devido ao consumo de bebidas e drogas nos bares que ficam abertos noite adentro. Não consigo imaginar viaturas da polícia chegando ao triângulo das bermudas ou nas áreas consideradas nobres de Vila Velha e exigirem o fechamento deste e daquele bar pois já ultrapassaram o horário limite estabelecido pelo Estado.

O Espírito Santo é um estado pequeno e rico, porém como acontece em todo o país essa riqueza concentra-se nas mãos de um pequeno grupo, que tem suas posses vigiadas, higienizadas e construídas por um exército de vigilantes, empregadas domésticas e trabalhadores da construção civil, mal pagos e pressionados o tempo inteiro. Um exemplo claro são as ilhas do Frade e do Boi, é só dar uma voltinha lá e constatar, mas antes tem que passar pela guarita de entrada e ser filmado é claro.

As campanhas publicitárias colocam a atual administração do Estado como a que mais investiu em educação até hoje, mas para constatar a veracidade dessa propaganda basta visitar as escolas públicas da GV, quero citar aqui a escola Paes Barreto localizada ao lado da Secretaria de Educação do Estado, o que se vê é um complexo com total aspecto de abandono, paredes velhas e em volta um terreno com muito mato e postes estragados sustentando luminárias enferrujadas. Em 2006 fiquei alojado por alguns dias em escola fora da GV, mais precisamente em Cachoeiro de Itapemirim, as condições da escola também não era das melhores, ao invés de chuveiros os banheiros tinham pedaços de cano de onde saía a água do banho, cadeiras e quadros escolares velhos entre outros problemas, essas são as escolas que propiciam muitas oportunidades aos estudantes capixabas.

Médicos registraram queixa em delegacia de polícia contra o Estado capixaba devido a superlotação no Hospital São Lucas, onde doentes disputam espaços no chão para se “acomodarem”. O apoio governamental a atividades de empresas como Aracruz Celulose, Arcelor-Mittal, Vale do Rio Doce entre outras é cada vez maior. Do mesmo tamanho ou até maior é o descaso com os serviços básicos que a população deveria contar já que os impostos embutidos nos produtos vendidos são recolhidos para isso.

Porém é muito mais viável eleger os bares que são os “locais de lazer” das favelas sem rua pavimentada, sem praça, sem teatro, sem cinema ou qualquer outro espaço para diversão, como principal causador da crescente violência na GV. Já posso imaginar as viaturas do BME/ PMES chegando no bar do seu Zé, de dentro dela saltam homens armados e truculentos aos gritos de “todo mundo pra parede” seguido das frases “cala boca vagabundo” e “cadê seu alvará”.

A determinação é a seguinte: se você tem dinheiro para gastar nos shoppings e bares caros da GV você pode sair de casa e se divertir, agora se você é apenas um assalariado que seu dinheiro te permite tomar apenas uma cerveja ou uma dose de pinga e aproveitar o resto do tempo para papear com seus amigos, esqueça, a partir da Lei Seca capixaba você terá que se confinar dentro da sua casa e sair apenas para trabalhar.

Os altos índices de violência no Espírito Santo particularmente na Grande Vitória, devem-se ao fato de que os governos estadual e municipais, estrategicamente, ignoram o real significado do termo Políticas Públicas ficando este reduzido à apenas algumas “operações” policiais. Não existe uma educação escolar que forme o indivíduo como um ser pensante e que saiba que ele tem capacidade de influenciar na construção de uma sociedade menos desigual, para todos os lados o que vemos é uma explosão de cursos técnicos que preparam as pessoas para receber e executar ordens em troca de salários pequenos que parecem ser grandes quando comparados ao valor do medíocre salário mínimo brasileiro.

Claro que para mudar toda essa estrutura que privilegia o topo da pirâmide, muitas pessoas acostumadas a ficar com a maior parte do bolo não iriam achar isso nada interessante até porque muitos deles são financiadores de campanhas eleitorais.

Então o sistema funciona da seguinte forma: uma parte da população é treinada para ser explorada nas diversas áreas de trabalho e agradecer por ter esse emprego. Aqueles que não foram recrutados para trabalhar nas empresas têm de buscar sua sobrevivência por meio dos trabalhos considerados pela elite como vergonhosos e geradores de violência, a prostituição, a cata de material reciclável, o avião da favela, o cara que abre um boteco, o gerente da boca de fumo.

Diante destes problemas o Estado escolhe a forma mais “fácil” de “resolver” o caos, Lei seca e “atuação” policial, e quem deve a justiça tem de pagar, vai cumprir pena em alguma das cadeias superlotadas e infestadas de doenças, só assim a GV passará a ter noites e manhãs de tranqüilidade dormindo, acordando e sendo abençoada pelo pó preto das empresas poluidoras que contam com o apoio incondicional do Estado capixaba.

é TECIDO nº 3

Nº 003
Agosto/ 2005
Cariacica/ Vitória ES – Brasil

“Eu sou contra cotas para negros”

Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES


A frase acima foi dita por um professor, de traços físicos visivelmente africanos, dentro da sala de aula de uma instituição pública de ensino. No seu rosto era nítida a expressão de orgulho em dizer tal frase. Mas o que é o sistema de cotas?, para quem ele deve ser direcionado?
Discutir o sistema de cotas para as universidades públicas brasileiras não é como debater a escalação ou as jogadas da seleção brasileira de futebol. Uma parcela do povo brasileiro possui o hábito de formular suas opiniões sempre embasados na mídia gorda, essa que abriga sob suas asas o telejornal, que usa terno italiano e batom comprado na Daslu, os jornalões e as revistonas semanais. É como aquele indivíduo que assiste um comentarista esportivo e lê algumas linhas do caderno de esportes de um jornal descendo a lenha em algum treinador ou time e imediatamente passa a reproduzir para seus amigos a “sua” opinião em relação a esse ou aquele grupo esportivo. O cara não se aprofunda no assunto, não busca conhecimento por meio da leitura e mau assiste os jogos do campeonato, mas se considera um perito no assunto.
Com as cotas acontece algo semelhante, algumas pessoas são contra, mas não sabem o porque de sua posição. Existem aquelas que são favoráveis e também não possuem argumentos necessários para defender sua opinião, as vezes simplesmente concordam para não contrariar seu grupo de amigos. Isso ocorre devido a falta de informação, o que impossibilita a compreensão do passado e do presente.
Os registros históricos – aqueles que escaparam da estratégia de Rui Barbosa – deixam muito claro o alto número de pretos capturados na África e trazidos a força para o Brasil.
Aqui sob castigos extremos os africanos, em sua maioria bantos e sudaneses, eram utilizados como instrumentos para todo tipo de trabalho e prazeres sexuais para os senhores de engenho e seus filhos. Estima-se em 3,5 a 4 milhões a cifra de pretos introduzidos no país.

A Lei de Terras e a Lei Áurea - a fixação da imobilidade social

O Bill Aberdeen, decretado pela Inglaterra – na época tida como potência mundial – em agosto de 1845, afirmava que qualquer navio tumbeiro que fosse identificado em águas internacionais seria apreendido. O Bill Aberdeen era a maquiagem perfeita do interesse inglês em fomentar no Brasil um mercado para consumir os produtos oriundos da primeira fase da Revolução Industrial, e trabalhador sem remuneração, com era o caso dos escravos, não consome. Começa-se a perceber que a extinção do regime escravista seria inevitável.
Quando falou-se de extinção da escravidão, os Senhores de Engenho começaram a pressionar o império, já que os pretos eram as “ferramentas” essenciais para o funcionamento do engenho. Desta forma caso houvesse a libertação, os Senhores permitiriam a saída dos escravos das fazendas desde que fossem indenizados por perdas materiais.
Em 1850 é decretada a lei nº 601, esta centralizava nas mãos do Estado todas as terras que não possuíssem título legitimo.
O parágrafo 2º da Lei de Terras que refere-se a áreas não ocupadas diz o seguinte:

“§ 2º - As que não se acharem no domínio de particular por qualquer título legítimo, não forem havidas por sesmarias e outras concessões do Governo Geral;”

A Lei de terras resolveu as principais questões que poderiam futuramente preocupar o Estado e os Senhores de Engenho. Dentre elas estava a ocupação de terras por trabalhadores europeus, que neste momento começam a entrar no país para trabalhar nas lavouras, já que a mão-de-obra escrava estava em processo de escassez devido a proibição inglesa. Também impediria que os pretos que futuramente fossem libertos ocupassem terras para morar, produzir e comercializar. Dessa forma, a elite agrária assegura o impedimento da mobilidade social, seja para ex-escravos, seja para europeus que nesse momento também são escravos.
No caso dos europeus, devido a denúncias e pressões dos governos de seus países sobre o Estado brasileiro algumas famílias receberão tratamento diferente e conseguirão ocupar terras, produzir, fazer comércio e ganhar dinheiro.
No ano de 1850 também é decretada a Lei Euzébio de Queiroz proibindo o tráfico negreiro em território brasileiro. Porém, a entrada de escravos no país continua e a Lei Nabuco de Araújo a complementa em 1854. Mesmo assim o tráfico interno continua intensamente, principalmente do nordeste para a atual região sudeste devido a descoberta do ouro de aluvião em Minas Gerais.
Em 1888 é decretada a “libertação” dos escravos por meio da lei nº 3.353 que diz o seguinte:

“A PRINCESA IMPERIAL Regente em Nome de Sua Majestade o Imperador o Senhor D. Pedro II, Faz saber a todos os súditos do IMPÉRIO que a Assembléia Geral Decretou e Ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º - É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.Manda portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O Secretário de Estado dos Negócios d'Agricultura, Comércio e Obras Públicas e Interino dos Negócios Estrangeiros Bacharel Rodrigo Augusto da Silva do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dado no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de Maio de 1888 - 67º da Independência e do Império.
Carta de Lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que Houve por bem sancionar declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara.
Para Vossa Alteza Imperial ver.”

Em uma lei com apenas dois artigos é extinta a escravidão no Brasil. Ignoram quase quatro séculos de regime escravista. O Estado brasileiro abandona à própria sorte milhões de homens e mulheres, excluindo-os do acesso a terra, educação e moradia. As conseqüências são visíveis ainda nos dias atuais quando percebe-se uma maioria de pretos analfabetos ou semi-analfabetos ocupando barracos em favelas, lotando cadeias, executando serviços considerados subalternos e engrossando a massa de desempregados ou subempregados deste país.
Não são raros os casos de pretos que após algum tempo depois de serem libertos pediam aos Senhores que os aceitasse novamente no engenho, faziam isso por força da fome e da falta de teto. Outros continuaram perambulando pelas ruas, não restando como outro meio de sobrevivência a esmola e o furto de alimentos.
Em momento algum na história, pode-se afirmar que os pretos eram pacíficos à escravidão. Muitos deles suicidaram-se para não servir aos senhores, outros fugiram e montaram quilombos como o de Palmares e o Campo Grande, várias mulheres escravas mataram seus filhos ainda dentro de seu ventre, agindo assim evitavam o nascimento de mais um homem ou mulher que futuramente seria submetido a castigos e trabalhos forçados.

As Cotas

O modelo do sistema de cotas em discussão atualmente tem como objetivo principal incluir afrodescendentes no ensino superior, reservando-lhes um percentual de 20% ,ou mais, das vagas existentes nas entidades públicas de ensino superior, haja vista que atualmente percebe-se uma maioria expressiva de indivíduos ricos e de pele branca estudando nas universidades públicas brasileiras.
É preciso entender que quando fala-se em reservar 20% das vagas, em momento algum haverá privilégio de alguns em detrimento de outros, pois aqueles que ocuparem as vagas reservadas também terão que estudar muito e fazer as provas do vestibular.
Os grupos contrários ao sistema de cotas tentam confundir o debate insinuando que os ocupantes das vagas reservadas serão pessoas sem nenhuma preparação, como se 3 ou 5 horas de provas esclarecesse a capacidade de alguém.
Outros falam da reafirmação do racismo ou da capacidade que todos tem para ser aprovado em um vestibular e tem até aqueles que defendem que as melhorias tem que ser feitas ,agora, no ensino básico e a equiparação nas universidades virá futuramente. De fato o ensino fundamental e médio necessitam urgentemente de organização e mais investimentos , mas, e quanto aos que já concluíram o ensino médio?
Esses e outros argumentos são disseminados em meio a sociedade pelos abastados acostumados a usufruir da força de trabalho de brasileiros e brasileiras sempre pagando-lhes salários minguados, seja o pedreiro e seu ajudante na construção de prédios luxuosos, seja a empregada doméstica que além de limpar, lavar e cozinhar as vezes e alvo das manhas e brincadeiras de mau gosto do filinho de papai.
É muito conveniente vomitar que é contrário às cotas quando não se mora em favela, não anda em ônibus lotado, não é visado pela polícia como marginal, não ganha salário-mínimo, não estuda em colégio com cadeira quebrada e sala sem porta com quadro improvisado.
A implantação do sistema de cotas não é a solução imediata para as disparidades socioeconômicas brasileiras, mas certamente é o início de uma transformação positiva no que se refere a política, a sociedade, a economia, a ideologia e o respeito às diferenças dentro deste diversificado país, é por isso que os endinheirados sentem temor e utilizam-se de métodos espúrios que induzem uma parcela da população a posicionar-se contra.


Um dos argumentos mais utilizados pelos que são contrários às cotas é dizer que todos têm a mesma capacidade de passar em uma prova de vestibular, e é verdade, desde que todos tenham as mesmas oportunidades para se prepararem. Os escravos foram privados das oportunidades e o mesmo ocorreu com seus descendentes, após 358 anos de escravidão foram libertados por meio de um lei composta por dois artigos apenas.

Para quem são as cotas?

Durante 358 anos o regime escravista perdurou no Brasil, dessa forma é inegável que uma enorme massa de pretos entrou no país, em sua maioria bantos e sudaneses.
O sistema de cotas é voltado para os afrodescendentes, porém é necessário cautela para que não seja cometido o equívoco de direcioná-lo apenas à indivíduos que apresentem traços africanos, pois, devido a relações sexuais entre negros, europeus e índios surgiram homens e mulheres que apresentam características meio indígenas, meio negras e meio européias.
Não é raro encontrar pessoas com olhos azuis ou verdes com cabelos claros e pela branca morando em favelas como Vila Prudêncio, Flexal, Nova Rosa da Penha entre outras. As cotas devem ser voltadas também para estas pessoas, algumas delas – as que conseguem – trabalham durante o dia e durante a noite enfrentam uma sala de aula de curso pré-vestibular.
Aqueles que entrarem na universidade por meio do sistema de cotas devem receber do governo auxílio financeiro decente para custear despesas com alimentação, transporte e material didático. Implantar o sistema de cotas para simplesmente alterar a realidade estatística e não propiciar o seu desenvolvimento, seria como decretar a Lei Áurea do século XXI.

A rejeição às cotas, o Prouni, um latrocínio

Com o objetivo de desgastar as discussões sobre o sistema de cotas nas universidades públicas e aumentar o número de brasileiros cursando nível superior, o governo federal por meio do Ministério da Educação - MEC em conluio com a elite brasileira, lança o Programa Universidade para Todos – PROUNI. Através deste os alunos que são selecionados recebem bolsas integrais ou parciais para estudarem em entidades de ensino privado.
Os empresários que oferecem vagas em suas faculdades recebem em troca a isenção de pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre Lucro
Líquido (CSSL), da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social ( COFINS) e da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), ou seja, ganham uma montanha de dinheiro.
Já existem casos de pessoas que foram selecionadas pelo PROUNI, começaram a estudar e desistiram do curso devido ao alto custo do material didático. Mas para o governo o que importa é o número de alunos que entraram, pois estes aumentam a estatística da educação no país. Quanto aos que foram forçados a desistir, estes não têm nenhuma importância, ou seja, já fizeram sua parte.
Comparado com outros países da América Latina o Brasil possui um quantitativo vergonhoso de pessoas estudando em universidades, por isso criou-se a política imediata do PROUNI.

Fugir da discussão do sistema de cotas é no mínimo um tiro no pé, pois muitos estudantes que moram em favelas e rejeitam o determinismo social chegam a não passar no vestibular por falta de 0,5 ou 1,0 ponto.
A inexistência de uma medida que corrija esta falha social pode provocar a aceitação do determinismo social e transformar o futuro médico, engenheiro, geógrafo ou historiador em um seqüestrador que entra no carro importado do abastado quando este estiver parado no semáforo e logo após abre sua cabeça com uma pistola 9mm ou 380 para roubar seu veículo e depois será apenas flores em 02 de novembro e movimento paz pela paz.A propósito o professor mencionado no início do texto vende aulas de história do Brasil para entidades de ensino público e privado.

é TECIDO Nº 1

Maio/ 2005 Cariacica/ Vitória – ES

Sem memória curta, o aniversário da falsa calmaria.

Por H. Lima
Estudante do curso de Geografia da UFES

1º ato
Pessoas conhecidas nacionalmente aparecem na TV criticando as comemorações e se recusando a participar das mesmas, porém inexplicavelmente no dia da “cerimônia” estas mesmas pessoas estarão presentes no local e ao lado dos figurões do planalto central.

2º ato
A praia da Coroa Vermelha é invadida por um grupo de homens armados com ferramentas e máquinas pesadas, seu objetivo é provocar uma transformação (desnecessária) no local para deixa-lo agradável para meia dúzia de ricos.
Enquanto os tratores avançam, índios são expulsos de suas moradias e lançados nas ruas, o governo afirma que irá “compensá-los” prometendo casas pequenas, ridículas e super faturadas.

3º ato
O fantoche do FMI que insiste em auto denominar-se Presidente do Brasil cancela sua presença nos “eventos festivos” temendo à manifestações de índios, MST e populares de atitude contrária a seus atos e de seus amigos, grandes empresários e banqueiros.

4º ato
Índios, populares e militantes do MST são agredidos físico e moralmente pela polícia que bate, atira e chuta, todo o país acompanha o fato através dos noticiários. A ordem parte de uma minoria de abastados covardes e amedrontados que sentem-se ameaçados pela mobilização do povo naquele momento.

Último ato
A festa acontece, muitas luzes, fogos coloridos, músicas, bebidas caras e corruptos de todas as espécies, todos estão felizes e riem exibindo seu sorriso branco e caríssimo. Na periferia as mortes e a guerra do tráfico continuam, nos hospitais ainda há doentes no chão dos corredores, o sistema de transporte coletivo é desumano e as entidades de ensino público estão sucateadas para que o povo continue à deriva no mar da ignorância.
Amanhece, é dia 23 de abril de 2000, o Brasil completou 500 anos, 500 anos de que?